Na nossa cultura é comum as pessoas recorrerem a atendimentos à saúde quando se trata dos aspectos físicos (do corpo). Porém, quando o assunto é saúde mental, há resistência, preconceito e relutância que costumam ser maiores ao procurar atendimento especializado.
Por isso, setembro é o mês para conscientização da importância da saúde mental e prevenção de suicídio. Conhecido como Setembro Amarelo, a campanha tem apoio a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o mês.
E, neste ano, a preocupação acerca desse tema é ainda maior, pois com a chegada da pandemia de covid-19 houve uma intensificação das tensões, medos e conflitos.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o medo do covid-19 afeta negativamente a saúde mental de milhões de pessoas. A pandemia provocou crises de stress, intensificadas pelo medo da contaminação, pela possível perda de entes queridos e pelo isolamento social repentino.
Ou seja, é inerente ao ser humano apresentar vários sentimentos (alegria, tristeza, medo, entre outros) no decorrer da vida, porém é preciso um equilíbrio. A questão é como enfrentar e lidar com os conflitos internos e externos?
Ainda existem muitas dúvidas de como identificar que alguém próximo precisa de ajuda e como e onde buscar essa ajuda. Por isso, entrevistamos um psiquiatra, uma psicóloga e uma médica para desvendar os tabus relacionados ao suicídio.
Como identificar que alguém precisa de ajuda?
“É precioso estar alerta com alguns sinais para buscar auxilio psicológico e psiquiátrico, são eles: dificuldade em lidar com situações que lhe causam sofrimento, quando não consegue estabelecer rotina, emoções intensas, dificuldade em seguir a vida após trauma e/ou perda, desinteresse das coisas que gostava de realizar, dificuldades nos relacionamentos e interações sociais, pensamento/vontade de se ferir/machucar, o uso das drogas (álcool, tabaco e outras) para lidar com as emoções/acontecimentos, rendimento baixo na escola/faculdade/trabalho, entre outros. Assim, procurar ajuda dos profissionais da saúde mental, auxilia na travessia de momentos difíceis da vida, melhorando assim a qualidade da vida física e psíquica”, esclarece a psicóloga do Hospital Santa Clara, Dra. Virgínia Bonon.
Como identificar um suicida?
“Não é possível identificar com exatidão quem irá ou não cometer suicídio, mas devemos estar atentos a fatores de risco. Entretanto, histórico anterior de tentativas de suicídio prévio e doença mental são os principais fatores, mas outros fatores como vulnerabilidade social, violência, abuso de drogas (lícitas e ilícitas) também podem contribuir para uma pessoa querer tirar a própria vida”, explica o psiquiatra, Dr. Cláudio Otoni.
Quais expressões de ideias ou intenções suicidas?
“É importante esclarecer que a pessoa não tem necessariamente como objetivo a morte, mas sim o fim da aflição pela qual está passando, tentar se livrar da dor, do sofrimento intenso e insuportável. Pode afetar indivíduos de diferentes origens, idades, classes sociais, países e entre outros. A pessoa, pode manifestar e dar alguns sinais que precisa de atenção e ajuda. São eles: “vou deixar vocês em paz”, “quero dormir e nunca mais acordar”, “é inútil tentar fazer algo para mudar”, “quero me matar, não estou aguentando”, entre outros. Dessa forma, não julgue, não condene, não opine, não banalize o que a pessoa tem dito. Incentive a procurar ajuda profissional, caso perceba que há risco iminente, procure imediatamente ajuda dos profissionais a área da saúde e não deixe a pessoa sozinha”, diz Dra. Virgínia.
A espiritualidade realmente influencia no tratamento psicológico?
“O corpo, a mente e o espírito são elementos que compõem a saúde segundo a própria OMS. Desse modo, o reconhecimento que o Espírito existe fora do corpo já é assunto de Faculdades Médicas e a Medicina do futuro nos reserva ainda muitas descobertas, talvez uma delas seja o tratamento do Espírito tendo como consequência o tratamento do corpo físico. Isso já tem sido evidenciado por alguns estudos. Pacientes que alegam ter crenças religiosas, independentemente de quais, evoluem melhor do que aqueles que negam ter qualquer vínculo com religiões. A taxa de suicídios em indivíduos que admitem crenças religiosas é estatisticamente menor. Pacientes oncológicos também têm melhor evolução. Enfim, hoje a medicina amplia seus horizontes, e parece que a Espiritualidade, isto é, o cultivo de bons sentimentos, como o perdão e o bem-querer; o fato de não sentir inveja, não odiar, não guardar ressentimentos, é tudo muito positivo para saúde do indivíduo”, esclarece a clínica médica, Dra. Daniela Falqueto.
Houve um aumento de pessoas procurando tratamento psiquiátrico durante a pandemia?
“Situações de crise ou extremas sempre agravam a saúde mental. O constante medo de contaminação e morte, associado ao fantasma do desemprego e da deterioração das condições sociais resultaram em um aumento significativo dos casos de violência doméstica, aumento importante dos casos de transtorno de humor como depressão e aumento dos transtornos de ansiedade. De fato, para a cidade de Uberlândia o Corpo de Bombeiro detectou um aumento de 22,5% no aumento de suicídio nos primeiros 5 meses de 2020 se comparado ao mesmo período do ano anterior”, afirma o psiquiatra, Dr. Cláudio Otoni.
Diante de uma pessoa sob risco de suicídio, o que se deve fazer?
“É importante que não haja julgamentos, conselhos e opiniões. Essa pessoa deve ajudá-lo e encoraja-lo a procurar ajuda profissional de psicólogos e psiquiatras. Naqueles casos em que o suicídio passa a ser uma possibilidade iminente o paciente e/ou acompanhante deve buscar um serviço de Pronto Atendimento. Na eventual impossibilidade destes serviços, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional gratuito através do número de telefone 188”, finaliza Dr. Cláudio.
Portanto é muito importante cuidar da saúde mental e prestar atenção ao redor para ajudar quem amamos. É preciso agir!
Dra. Virgínia Bonon
Psicóloga Hospitalar do Hospital Santa Clara
CRP 04/36251
Dr. Cláudio Otoni
Psiquiatra do Hospital Santa Clara
CRM: 46183 – MG
Dra. Daniela Falqueto
Clínica médica do Hospital Santa Clara
CRM: 27973 – MG
4 Responses
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