Também conhecida como paralisia infantil, a poliomielite é uma doença grave, mas que foi erradicada do Brasil em 1994. Entretanto, estamos quase perdendo esse título de erradicação da doença pela baixa vacinação das crianças.
Pois, desde 2015, o movimento anti-vacina vem crescendo e apresentando dados falsos sobre a importância da vacinação. Chamadas de “fake news”, o movimento apela pela falta de informação da sociedade e isso acaba por influenciar na baixa vacinação.
Desse modo, para te mostrar por que é importante vacinar seu filho contra poliomielite, convidamos a Dra. Cristiane Ribeiro Ambrósio, pediatra do Hospital Santa Clara para falar sobre o assunto. Confira!
Cenário vacinal no Brasil
A cobertura vacinal da poliomielite, vem caindo significativamente. Em 2015, segundo o Instituto de Políticas Públicas de Saúde (Ipes), o Brasil vacinou 98,3% do público-alvo, taxa que caiu para 84,2% em 2019 e para 75,9% em 2020.
De acordo com o Ministério da Saúde, em 2021 a cobertura com as três doses iniciais da vacina foi de 67%; com as doses de reforço, 52%. Com essa baixa cobertura, corre-se o risco de voltar a termos casos da doença e assim perder o selo de erradicação da doença. A exemplo do que aconteceu com o sarampo que perdemos o certificado de erradicação da doença, conquistado em 2016 pela OMS, depois de voltar a apresentar casos de sarampo.
“A poliomielite é uma doença altamente contagiosa, por isso não podemos dar brecha para ela voltar. Ela ataca o sistema nervoso da criança e causa paralisia permanente. A vacina é muito importante para evitar o contágio. Não deixe a sua criança em risco. Garanta as doses de vacina necessárias para evitar problemas na saúde do seu filho”, orienta Dra. Cristiane Ribeiro Ambrósio.
Como funciona a vacinação da poliomielite?
Existem duas vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) que previnem a doença.
São elas:
- VIP (vacina inativada injetável, também conhecida como Salk): essa vacina é aplicada na rotina de vacinação infantil, aos 2, 4 e 6 meses, com reforços entre 15 e 18 meses e entre 4 e 5 anos de idade. Na rede pública as doses, a partir de 1 ano de idade, são feitas com a VOP.
- VOP (vacina atenuada oral, também conhecida como Sabin): Na rotina de vacinação infantil nas Unidades Básicas de Saúde, é aplicada nas doses de reforço dos 15 meses e dos 4 anos de idade e tem a campanha de vacinação específica para crianças de 1 a 4 anos. Essa vacina é adotada pelo SUS porque, além de ser mais fácil de administrar (duas gotas por via oral), ela é eliminada nas fezes, protegendo outras pessoas vulneráveis que não podem tomaram a vacina.
No caso da poliomielite são necessários doses seguidas de reforço e muitos pais esquecem ou não levam a criança para dar continuação ao ciclo vacinal.
Desse modo, como não é feita a imunização correta, a doença pode voltar a fazer parte do dia a dia das crianças. Por isso, é importante ficar de olho no calendário vacinal da sua cidade e não deixar de fazer esse tipo de acompanhamento no seu filho (a).
O que é a poliomielite?
A poliomielite é uma doença contagiosa causada pelo poliovírus e sua transmissão acontece pelo contato da boca com fezes contaminadas, ou por meio de gotículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar.
Assim, a faixa etária de risco, são crianças menores de 5 anos. Mas a doença pode desenvolver adultos não vacinados também.
Os sintomas são raros e semelhantes a uma gripe. Entretanto, nos casos crônicos da doença, que acontece com cerca de 1% dos pacientes, é o desenvolvimento da paralisia dos movimentos das pernas, já que o vírus atinge os neurônios motores e pode deixar sequelas permanentes.
Além disso, a doença pode causar a síndrome pós-pólio, que é uma desordem neurológica que acomete pessoas infectadas há cerca de 15 anos depois de terem sido contaminadas pelo vírus.
História da poliomielite no Brasil
Registrada no final do século 19, no século 20, o Brasil passou por vários surtos e epidemias da doença. Ou seja, era comum ver crianças com paralisia infantil. E, nos casos graves, ver as crianças usando o “pulmão de aço”, uma estrutura com tubos cilíndricos onde a criança era mantida deitada apenas com a cabeça para fora, submetida à ação de uma bomba de vácuo que diminuía e aumentava a pressão do ar para ser inalado e expirado pelos pulmões que não conseguiam respirar por causa da fraqueza muscular causada pela doença.
A partir de 1960, começou a vacinação em massa e em 1970 foi criado o Plano Nacional de Controle da Poliomielite, que foi abandonado em 1974 após concluírem que a vacinação não era suficiente para controlar a doença.
Assim, só em 1980 que o governo brasileiro voltou a instituir a primeira campanha de vacinação em massa.
Em 1989, foi notificado o último caso da doença e em 1994, o país recebeu a Certificação de Área Livre de Circulação do Poliovírus Selvagem da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Portanto, a poliomielite não é brincadeira e se você acredita no movimento antivacinista, informe-se, pois vacinas salvam vidas.
Clique aqui e veja o calendário de vacinação das crianças do Governo Federal.
Veja aqui os dados do Dra. Cristiane Ribeiro Ambrósio
Cristiane Ribeiro Ambrósio
Neonatologia | Pediatra
CRM: 39439
RQE: 13842
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