O dia 27 de setembro é o Dia Nacional de Doação de Órgãos. E, existem muitas dúvidas sobre o assunto, pois como mostra os dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, no Brasil, no ano de 2020, o número de pessoas na fila por um órgão chegou a 41 mil pessoas.
Um número significativo. E mesmo com a redução de transplantes devido a pandemia do coronavírus, é importante se informar sobre o assunto e entender que a doação de órgãos é uma prática que envolve muito altruísmo, além de salvar muitas vidas.
Por isso, conversamos com o Dr. Carlos Humberto da Silva Junior, cirurgião digestivo do Hospital Santa Clara e respondemos 8 dúvidas comuns sobre doação de órgãos.
Confira!
1 – Quais órgãos e tecidos podem ser doados?
São eles:
- Coração: o transplante só pode ser realizado por meio de um doador falecido, com morte encefálica constatada. O transplante de coração é recomendado a pessoas com insuficiência cardíaca e que não respondem a nenhum tratamento ou cirurgia.
- Válvulas cardíacas: em alguns casos, não é possível usar para transplante o coração de um indivíduo que teve morte encefálica, porém, as válvulas podem ser doadas e mantidas em um banco de válvulas.
- Fígado: como é um órgão que tem a capacidade de se regenerar, o doador pode doar parte de seu fígado, em vida. Realizado principalmente em casos de cirrose hepática.
- Pulmão: em situações especiais, uma parte do pulmão pode vir de um doador vivo e são necessários dois doadores para um receptor.
- Ossos: implantes dentários, transplantes para lesões da coluna e próteses são alguns tipos de transplantes para ossos, que podem ser realizados por meio de cirurgias simples. Os ossos doados podem ser mantidos em um banco por um longo período.
- Medula óssea: é usada para a cura de doenças que afetam as células do sangue, como a leucemia. A doença da medula óssea é a única forma de doação que mantém um banco de doadores e que também é permitida a crianças e gestantes.
- Rins: os rins, por serem dois, podem ser doados tanto em vida quanto após o falecimento.
- Pâncreas: esse tipo de transplante é feito a partir de doadores falecidos e geralmente é realizado junto com o transplante de rim, pois o pâncreas é um órgão que atua na digestão dos alimentos e também na produção de insulina, elemento responsável pelo equilíbrio dos níveis de açúcar no sangue.
- Córneas: o transplante só pode ser feito a partir de doadores falecidos, com idade entre 2 a 80 anos.
- Pele: a doação pode ser feita por pessoas falecidas ou daquelas que removeram partes da pele em cirurgias estéticas. O transplante de pele é recomendado em caso de pessoas que sofrem extensas queimaduras ou doenças dermatológicas graves.
2 – Quem pode realizar uma doação de órgãos?
Qualquer pessoa pode ser doadora de órgãos, basta ser maior de 18 anos, ter condições adequadas de saúde e ser avaliado por um médico para realização de exames.
Para ser um doador em vida, você pode acessar o site da Aliança Brasileira pela doação de Órgãos e Tecidos (Adote), fazer seu cadastro e download do cartão de doador.
Além do cadastro, é importante você falar para a sua família que deseja ser um doador de órgãos, para que após a sua morte, os familiares (até segundo grau de parentesco) possam autorizar, por escrito, a retirada dos órgãos.
“Informe sua família sobre o seu desejo de doar órgãos. Esse é um ato de muito amor ao próximo e você pode acabar influenciando seus parentes a doarem também. Faça parte dessa corrente do bem”, diz Dr. Carlos Humberto.
3 – Quem não pode ser doador de órgãos?
Pacientes com diagnóstico de tumores malignos, doença infecciosa grave aguda ou doenças infectocontagiosas – destacando-se o HIV, as hepatites B e C e a doença de Chagas.
Também não podem ser doadores os diagnosticados com insuficiência de múltiplos órgãos, situação que acomete coração, pulmões, fígado, rins, impossibilitando a doação desses órgãos.
4 – Caso eu decida ser um doador, como minha família saberá sobre a possibilidade da doação após a minha morte?
No momento oportuno, logo após a declaração de óbito, a sua família será informada quanto à possibilidade de realizar a doação dos seus órgãos e/ou tecidos.
Caso concordem, os familiares serão convidados a assinar os documentos necessários para a doação. Aqui no Brasil, a retirada de órgãos só pode ser realizada após a autorização familiar.
A vontade do doador declarada em vida precisa ser confirmada pela família. Caso, após sua morte, a sua família recuse a doação, os seus órgãos não serão retirados para transplante.
Entretanto, em geral, quando a família tem conhecimento desse desejo, frequentemente autoriza a doação.
Para declarar a sua vontade de ser doador após a morte, é só seguir os mesmos passos para ser um doador em vida. Você deve acessar o site da Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote), fazer seu cadastro e download do cartão de doador.
5 – Minha família terá custos se eu quiser fazer uma doação de órgãos?
Não há nenhum custo para a família quanto à doação de órgãos e tecidos, como também não há nenhum ganho material.
A legislação brasileira exige que a doação seja um ato altruísta e sem interferência econômica.
6 – É possível saber para quem foi doado o órgão?
Por questões éticas, não se divulga para quem o órgão foi doado. Tanto o paciente transplantado como o doador devem permanecer no anonimato.
7 – Se doar um órgão, terei problemas de saúde no futuro?
A ideia do transplante em vida, como a doação de órgão ou parte do órgão, pressupõe que o doador não tenha nenhum problema futuro.
As avaliações pré-operatórias, a avaliação clínica e a técnica cirúrgica são empregadas com esse fim.
No entanto, é preciso ter em mente, que todo o procedimento cirúrgico tem risco de complicações, ainda que seja um risco pequeno.
8 – O que diz a Lei brasileira de transplante atualmente?
A Lei que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante é a Lei 9.434, de 04 de fevereiro de 1997, posteriormente alterada pela Lei nº 10.211, de 23 de março de 2001, que substituiu a doação presumida pelo consentimento informado do desejo de doar.
Segundo a nova Lei, as manifestações de vontade à doação de tecidos, órgãos e partes do corpo humano, após a morte, que constavam na Carteira de Identidade Civil e na Carteira Nacional de Habilitação, perderam sua validade a partir do dia 22 de dezembro de 2000.
Isto significa que, hoje, a retirada de órgãos/tecidos de pessoas falecidas para a realização de transplante depende da autorização da família. Sendo assim, é muito importante que uma pessoa, que deseja após a sua morte, ser uma doadora de órgãos e tecidos comunique à sua família sobre o seu desejo, para que a mesma autorize a doação no momento oportuno.
Pergunta extra: Houve mudança de protocolo na doação de órgãos devido a pandemia?
Sim. Em março de 2020, logo que foi determinada a quarentena, foi anunciada também a suspensão dos transplantes por doador vivo, tendo como objetivo protegê-los do risco de contaminação com o coronavírus.
E, consequentemente, a captação de órgãos também diminuiu, pois o falecimento por covid-19 descarta as possibilidades de doação e devido ao isolamento social, com a diminuição de pessoas circulando, também houve uma redução no número de acidentes por morte encefálica por trauma, uma das principais causas de óbito dos doadores.
Portanto, se você ainda tiver dúvidas, clique aqui e acesse o site da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos e informe-se.
Clique aqui e veja os dados do. Dr. Carlos Humberto da Silva Junior.
Carlos Humberto da Silva Junior
Cirurgião do Aparelho Digestivodo Hospital Santa Clara
CRM: 43502
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