Dia 26 de junho foi comemorado o dia Nacional do Combate ao Diabetes. Nesta matéria você vai saber um pouco mais sobre esta patologia e também os risco que o Diabetes tem relacionado ao coração.
Diabetes é uma doença metabólica de causa multifatorial, caracterizada basicamente por insuficiência na produção de insulina e/ou resistência à ação deste hormônio, levando a níveis elevados de glicose na corrente sanguínea e redução da oferta energética aos tecidos.
Entre os distúrbios metabólicos mais comumente relacionados ao diabetes encontramos a hipertensão, hipercolesterolemia (elevadas taxas de colesterol) e hipertrigliceridemia (aumento do triglicerídeos). A obesidade e o sedentarismo possuem estreita correlação com surgimento e progressão da resistência à insulina.
O excesso de glicose na corrente sanguínea leva a lesão microvascular e dos nervos periféricos, além de aterosclerose (obstrução arterial por placas gordurosas) acelerada e disseminada.
O acometimento vascular do diabetes está associado a um risco aumentando de insuficiência renal, cegueira, neuropatia periférica, imunossupressão, dificuldades de cicatrização, acidente vascular cerebral (“derrame”) e doenças cardiovasculares, entre outros. Indivíduos diabéticos apresentam, em comparação a indivíduos saudáveis, uma chance duas a quatro vezes maior de apresentar acidente vascular cerebral (“derrame”) ou doença arterial coronária (infarto e miocardiopatia isquêmica), sendo estes responsáveis por pelo menos 65% da mortalidade neste grupo. Desta maneira, o diabetes é considerado fator de risco maior e independente para doenças cardiovasculares em homens e mulheres.
A doença cardíaca relacionada ao diabetes pode ser dividida em três principais apresentações:
1. Doença coronária aguda (infarto e angina instável)
2. Doença coronária crônica (angina / dor no peito)
3. Insuficiência cardíaca
Doença coronária aguda: ocorre quando há interrupção abrupta da oferta de sangue para as artérias coronárias (vasos que irrigam e nutrem o músculo cardíaco) devido à ruptura de placas de gordura e formação de trombos, levando a isquemia e lesão celular. Os sintomas mais comuns são dores no peito (angina) associadas a sintomas autonômicos (palidez, náuseas e suor frio) e alterações eletrocardiográficas.
O infarto está caracterizado quando ocorre elevação dos marcadores de injúria miocárdica (troponina e fração MB da CK), sendo condição potencialmente grave e que necessita avaliação cardiológica de urgência.
Doença coronária crônica: é a apresentação mais comum das doenças cardíacas relacionadas ao diabetes, sendo na maioria das vezes assintomática. O acometimento das artérias coronárias leva a obstruções em múltiplos vasos e de maneira difusa, mesmo em indivíduos jovens, sendo comum o achado de doença avançada no momento do diagnóstico. Os sintomas (angina), quando presentes, costumam ter apresentação não habitual e podem ser confundidos com doenças do aparelho digestivo ou osteomusculares.
Insuficiência cardíaca: refere-se a um conjunto de sintomas atribuíveis à disfunção do músculo do coração, entre eles a falta de ar aos esforços, ortopnéia (falta de ar ao deitar), edema (inchaço) nas pernas e aumento das cavidades cardíacas. A miocardiopatia diabética está relacionada ao comprometimento direto das células musculares pelos elevados níveis de glicose, à neuropatia autonômica (comprometimento dos nervos) e obstrução das artérias coronárias, com frequente evolução para insuficiência cardíaca.
O desenvolvimento da doença cardíaca relacionada ao diabetes pode ser minimizado à custa de um controle glicêmico agressivo / rigoroso e tratamento dos fatores de risco associados como a hipertensão e hipercolesterolemia (elevadas taxas de colesterol).
A realização de atividade física regular melhora a resistência periférica à insulina, auxilia no controle glicêmico e no tratamento das doenças metabólicas associadas, estando indicado para praticamente todos os pacientes, após avaliação médica cuidadosa.
O tabagismo, apesar de não atuar diretamente sobre os níveis de glicose no sangue, promove um incremento enorme no risco de eventos cardiovasculares em indivíduos diabéticos (tromboses, aterosclerose, “derrame” e infarto, entre outros), sendo indicada a interrupção imediata do consumo de cigarros. Como as novas opções medicamentosas associadas a terapia comportamental, a taxa de sucesso no tratamento do tabagismo vem se tornando cada vez maior.
Uma dieta balanceada, rica e variada, baseada em carboidratos complexos (cereais integrais e frutas, por exemplo) e pobre em gorduras saturadas, além de auxiliar no controle da glicemia, contribui no controle do peso, do colesterol e da pressão arterial.
O diabetes é uma doença silenciosa em fases iniciais, com acometimento de praticamente todos os sistemas orgânicos e consequências catastróficas. O diagnóstico precoce e controle rigoroso da glicemia podem mudar a evolução natural da doença, prevenindo ou desacelerando o surgimento das doenças cardíacas relacionadas ao diabetes.
Matéria escrita por: Dr. Contaro Lelis Ceccon – Médico Cardiologista do Hospital Santa Clara
Posts Relacionados
Laços: uma campanha de Outubro Rosa da Rede Mater Dei
Acreditar será sempre a parte mais importante de todo o processo. A luta pelo autocuidado,
Não se esqueça: a Urologia é para todas as pessoas e idades
É esperado que muitas pessoas acreditem que a especialidade da Urologia serve quase que exclusivamente
Setembro Vermelho – O mês para falar sobre a saúde do coração
O mês de setembro tem muitas cores, visando falar de diferentes lados da saúde. O