Segundo dados recentes de projeção populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), somos mais de 208 milhões de brasileiros. Destes, 13% são idosos (algo próximo a 26 milhões). A prevalência de doença de Alzheimer é de 8%, isto é, hoje existem aproximadamente 2,3 milhões de idosos com esta doença somente no Brasil. Estima-se que, no mundo todo, este valor aproxime-se dos 40 milhões de casos, e que chegue a 65 milhões em 2030, sendo 3,3 milhões somente no Brasil. Será que estamos verdadeiramente preparados para amparar mais de um milhão de novos casos da doença nos próximos 10 anos?
Evidências mostram que doença de Alzheimer se inicia até 15 anos antes dos primeiros sintomas cognitivos aparecerem (a chamada fase pré-sintomática). É quando paciente e/ou familiares despertam para o problema. Dai evoluem para perda de memória recente (e em fases avançadas, perde-se também a memória antiga), desorientação no tempo e espaço, incapacidade de realizar tarefas que antes pareciam simples, como cozinhar, costurar, calcular, escrever, levando paciente e família a reestruturarem seu cotidiano, para auxiliar seu ente querido no autocuidado, no manejo financeiro, no lazer, enfim, a dar novamente dignidade ao idoso. Porém, nem sempre isto é tarefa simples, ou melhor, nos dias atuais, em que temos dificuldades até em nos gerenciar, é árduo ter que auxiliar o próximo em escolhas simples, como hora de comer, de se banhar, o que vestir, aonde ir. Daí se formam grupos de apoio e de cuidadores, que têm como objetivo maior preencher esta lacuna, mas, que da mesma forma, estão despreparados técnico e psicologicamente para suportarem tal demanda. Outra opção, algumas vezes difícil para os familiares, são as instituições de longa permanência (antigamente denominado asilos). Porém, se bem organizadas e gerenciadas, conseguem oferecer os cuidados necessários a estas pessoas.
E o tratamento? Existe alguma possibilidade de melhorar, atenuar ou reverter tal situação? Diria que as duas primeiras opções são possíveis. A terceira, ainda não. A terapia medicamentosa é singela, não traz grandes benefícios. O cuidado, sim, melhora muito a condição de vida do paciente e de sua família. É preciso despertar nos profissionais de saúde a necessidade de especialização nestes cuidados. Nas instituições de ensino, a obrigatoriedade curricular. Nos familiares, a crença que é possível cuidar de um idoso com qualidade e dignidade.
E como prevenir? Alguns casos são herança genética. Os demais, frutos de nossos hábitos e cuidados. Não fumar, não beber em excesso, cuidar da hipertensão, cuidar (ou evitar) o diabetes (uma vez que a maioria dos casos está relacionado à obesidade), praticar atividades físicas com frequência, ler, socializar, manter-se ativo. Em alguns anos, certamente anularemos a doença antes que os sintomas apareçam. No momento, só resta a esperança.
Posts Relacionados
Laços: uma campanha de Outubro Rosa da Rede Mater Dei
Acreditar será sempre a parte mais importante de todo o processo. A luta pelo autocuidado,
Não se esqueça: a Urologia é para todas as pessoas e idades
É esperado que muitas pessoas acreditem que a especialidade da Urologia serve quase que exclusivamente
Setembro Vermelho – O mês para falar sobre a saúde do coração
O mês de setembro tem muitas cores, visando falar de diferentes lados da saúde. O