Entre os dias 14 e 21 de dezembro acontece a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, na qual diversas atividades são realizadas em prol do incentivo à doação de medula óssea em todo o território brasileiro.
Instituída pela Lei 11.930, de 22 de abril de 2009, a campanha acontece todos os anos e envolve diversos órgãos públicos e entidades privadas a fim de fortalecer a importância da ação.
Segundo o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea no Brasil – REDOME – vinculado ao Ministério da Saúde, nosso país possui o terceiro maior registro de doadores no mundo. Este número gira em torno de 6 milhões de pessoas.
O que é a medula óssea?
Para entender melhor a importância da doação, é necessário saber do que se trata e para que serve a medula óssea.
Trata-se de um tecido gelatinoso que fica no interior dos ossos. Esse tecido é responsável pela produção de componentes essenciais do sangue, como hemácias, leucócitos e plaquetas.
- Hemácias
As hemácias, ou glóbulos vermelhos, são células encontradas no sangue que têm como função levar oxigênio às demais células do corpo, tornando possível o envio de gás carbônico para os pulmões para que seja eliminado em seguida.
- Leucócitos
Também conhecidos como glóbulos brancos, os leucócitos agem como uma defesa em nosso organismo, protegendo-o de diversos microorganismos agressores, como vírus, bactérias e parasitas. Os leucócitos também ajudam a destruir células mortas e restos de tecidos, fazendo assim uma limpeza do organismo.
- Plaquetas
Já as plaquetas, ou trombócitos, são estruturas presentes no sangue responsáveis pelo processo de coagulação, agindo na prevenção de hemorragias.
Quando o transplante de medula óssea é indicado?
Algumas doenças podem atingir a medula óssea e afetar as células do sangue que, em alguns casos, podem levar o paciente ao óbito. Entre as doenças mais comuns, estão:
Leucemia: um tipo de câncer que ocorre nas células sanguíneas quando há a produção em excesso de leucócitos (glóbulos brancos) defeituosos. As células anormais acabam por não funcionar de forma adequada, multiplicando-se mais rápido que as demais. Aos poucos, as células saudáveis são substituídas pelas anormais, intensificando a patologia do paciente.
Anemia aplástica: uma doença autoimune que diminui a produção de células do sangue na medula óssea, causando fadiga, fraqueza e palidez, e, em casos mais avançados, desconforto, inchaço abdominal e pele amarelada (icterícia).
Mieloma múltiplo: este é um tipo de câncer da medula óssea que, como a leucemia, compromete outras células do sangue. Ocorre quando um glóbulo branco chamado plasmócito sofre uma mutação genética, tornando-se cancerígeno.
Estas são algumas doenças que atingem a medula óssea e podem tornar necessário o transplante. Porém, é necessário entender cada situação, pois nem todo caso é recomendado o procedimento, uma vez que existem outras formas de tratamento para quadros e patologias menos graves.
Como é o processo de doação de medula óssea?
Primeiramente, é necessária uma avaliação médica do potencial doador para saber se há compatibilidade entre doador e receptor. Assim que confirmada a possibilidade de doação, o resultado é encaminhado para o centro de transplante para o agendamento da coleta da medula do doador.
Em seguida, o mesmo centro de transplante irá realizar uma série de exames clínicos, laboratoriais e de imagem do doador com o objetivo de evitar possíveis riscos de transmissão de doenças para o receptor.
A partir de então, há duas formas de coleta da medula óssea: por meio das células diretamente da medula óssea ou por infiltração de células-mãe que passam pelas veias. Este segundo processo é chamado de aférese.
Em uma das unidades da Rede Mater Dei em Uberlândia, no Hospital Mater Dei Santa Genoveva, nós realizamos o TMO Autólogo, no qual as células-tronco do próprio paciente são coletadas e utilizadas para a recuperação após a quimioterapia.
E o que é preciso para se tornar um doador?
O potencial doador deve procurar o hemocentro mais próximo, cadastrar-se no REDOME e ter uma amostra de sangue coletada para exame.
Também é preciso que se atenda alguns requisitos, como:
- ter idade entre 18 e 35 anos (o doador continua no cadastro até os 60 anos, idade limite para a realização do transplante de medula óssea);
- documento de identificação oficial com foto;
- estar em bom estado de saúde;
- não ter nenhuma doença infecciosa transmissível pelo sangue;
- não ter nenhum histórico de câncer, doença hematológica ou autoimune.
Atenção: nos hospitais da Rede Mater Dei em Uberlândia nós aceitamos parcerias com empresas contratadas para a coleta de medula óssea pelo cordão umbilical logo após o nascimento. Essa coleta, que fica guardada em um banco de sangue, pode salvar a vida do bebê anos depois, caso ele precise da reaplicação em algum eventual problema.
Desconstruindo mitos sobre a doação
Existem alguns mitos sobre a doação de medula óssea que também são importantes de se esclarecer.
Por exemplo, muitos acreditam que a doação só pode ser feita uma única vez, o que não é verdade já que a medula se regenera em 15 dias após a doação. Dessa forma, uma única pessoa pode sim doar mais de uma vez.
Também é importante salientar que o doador pode voltar normalmente às suas atividades após 3 dias de repouso.
Outro ponto a se frisar é que a medula óssea não é retirada da coluna vertebral, mas sim do interior dos ossos da bacia.
Um gesto de amor que inspira e salva vidas
A doação de medula óssea é, sobretudo, um gesto de amor.
Uma história que nos inspira sempre é a de José Ciocca Júnior, que ajudou dois pacientes diferentes com sua doação.
“Hoje, ao olhar para trás, a sensação que fica é de ter feito minha parte, transmitir amor e o bem. Sempre fui otimista, alto astral e vejo o lado bom das coisas. Mas depois das doações passei a refletir sobre a dimensão do que foi proporcionado a essas famílias”, conta José.
Após algum tempo, o REDOME contatou José para participar de um evento e contar a sua história: “fui escolhido para ir ao Rio de Janeiro e encontrar as crianças de novo, com seus familiares. Foi um encontro de almas. Realmente eu não tinha ideia da dimensão de tudo isso“, conclui.
Você pode ler este depoimento completo clicando aqui.
Agora que você já sabe como funciona o processo de doação de medula óssea e se enquadra como um potencial doador, o que acha de escrever sua própria história de inspiração e, principalmente, salvar vidas? Procure o hemocentro mais próximo e siga as orientações.
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